
Thiago Rizerio - Correio Braziliense
A prova é desafiadora. O competidor precisa estar pronto para chuva, vento, temperaturas baixas e até neve nos quase 100km de percurso da El Cruce Columbia, corrida de aventura na Cordilheira dos Andes, entre o Chile e a Argentina. Em três dias de disputa, os participantes terão de correr por trilhas aos pés dos vulcões Villarrica, Quetrupillán e Lanín, na região da Patagônia, e, em meio ao cansaço, desafiar o tempo — há limite máximo para terminar os trajetos. Tamanho desafio não assustou nenhum dos mais de 3 mil atletas inscrito na prova, que ocorrerá de quinta-feira a domingo.
O objetivo do esporte de aventura é justamente a superação de obstáculos ao longo da prova, mas para um dos quatro brasilienses que vão encarar a disputa, as dificuldades começaram antes mesmo da viagem ao Chile. Enrico Favilla, 42 anos, havia planejado três meses de treinamento até o embarque para Pucón, local da largada, mas alguns imprevistos o deixaram mais em consultórios médicos do que nas ruas e academia. “Ano passado, tive problemas de saúde, fiz cirurgia no nariz, depois de apendicite e tive pedra nos rins”, conta. “Ao todo, fiquei 60 dias parado. Havia programado 90 dias de treino, mas acabei treinando por dois meses apenas.”
O aventureiro superou todos os problemas. Mesmo com menos treino do que o planejado, acredita que fará uma boa corrida ao lado do irmão, Bruno, de 37 anos. “Ele é um cara forte, treinou bem, seguiu a planilha, então, dá para fazer uma boa prova sim. Ficamos em 11º em 2006, e em 10º em 2007. Este ano, esperamos um resultado assim também”, afirma Enrico. Bruno, no entanto, se mostra mais cauteloso. “Estamos mais velhos, então, não dá para esperar uma classificação muito melhor que as outras. Acho que é possível ficar entre os 20”, projeta.
A experiência em duas edições será importante não apenas para Enrico e Bruno. No desafio — pelo menos até a hora da largada —, os irmãos Favilla terão a companhia do casal Ana Carolina e Gabriel Araújo. Casados, os dois começaram a praticar corridas de aventura no ano passado. A convite de Enrico, toparam enfrentar a El Cruce. Entusiasmada, Ana Carolina quer terminar a ultramaratona de qualquer maneira. “Sou a mais fraca, mas também a mais empolgada. Quero chegar a qualquer custo, nem que tenha que carregar meu marido”, brinca.
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